Por Leozito Coelho

12 de outubro de 2008

A MAQUININHA

Bebo mesmo. Muito. Misturo, viro e repito. Uma atrás da outra. Assim mesmo: rápido. Que é pra surpreender o cérebro. Bate a tonteira, argh... Vômito na calçada. Mas continuo: encho, saúdo e pá!, viro mais uma. Pra ver até onde o corpo agüenta. Sirvo outra, pá! E outra, pá! Argh... O fígado arregando. Maquininha de merda. Nem um litrinho e já engasga. Vou pra casa puto. Bem puto. Dou na mulher, nas crianças, a bicuda no cãozinho, aquela choradeira coletiva, o bicho ganindo. Ligo a tevê num pornô. Tento, não consigo, esse figadozinho... Durmo com o pau de fora. Para meu desespero, acordo. E sóbrio. Zero. A mulher e as crianças com seus coloridos. O cão trotando, uma pata recolhida. Não foi dessa vez. Ainda estouro esse órgão de quinta. Pra acabar com o sofrimento. Vamos lá. Rua de novo. Desce. Uma atrás da outra. Rápido. Que é pra surpreender o cérebro. Ver até onde o corpo agüenta. Eu não agüento mais. Mesmo.

2 comentários:

Liv Lamet disse...

Muito bom o pequeno conto, caro Leo. Tá na cara que cê consegue captar o espírito de muitas almas perdidas por aí. Hoje assisti ao Cloverfield. Gostei muito, mesmo. Tipo Bruxa de Blair com recursos e personagens bem, bem, bem mais interessantes! Grande abraço! Larrubia

Anônimo disse...

Tadinho dele Léo, manda pro AA, quem sabe a vida melhora e ele começa a comer compulsivamente?

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