Por Leozito Coelho

6 de agosto de 2007

Ataliba Neto, excelentíssimo

“Senhor, a refeição está servida”, sibilou Morgana Capô ao entreabrir as coxas. O excelentíssimo Ataliba Neto analisou-lhe a nudez, as carnes rijas e as curvas longilíneas que deram a ela, Morgana, o título de Miss Piranha Planalto Central 2007 (informalmente, Miss Pipla). Mesmo considerando-a ‘limpa’, o deputado optou por uma medida provisória: cobrir a rola com dois preservativos. Além de mais segurança, a superposição conferia-lhe maior volume peniano, o que favorecia a fricção sexual com mulher tão ‘folgada’. “Está parecendo uma lingüiça, senhor”, observou Morgana Capô ao encapar-lhe duplamente o pau.

Ao fim da maratona sexual – duas horas ininterruptas de tramitação –, o parlamentar decretou: “Você é a primeira colocada do meu ranking de putas Top Ten.” Ele selecionou o código mecânico da maleta, abriu-a com um estalo (tloc!) e entregou um maço de notas a Miss Pipla. Ela agradeceu o pagamento in cash dando-lhe um sabonete personalizado, fragrância uva, em cuja superfície lia-se: M.Capô, molhadinha a seu dispor. O deputado elogiou o profissionalismo dela. Despediram-se com um aperto de mão.

Em casa, Ataliba acenou um “oi” à esposa e foi para o chuveiro. No rosto, aplicou um sabonete orgânico de extrato de orquídea, indicado para desobstruir poros e remover impurezas. Depois limpou braços, pernas, peito e costas com um composto líquido à base de mel. Para higienizar o escroto e adjacências, o deputado utilizava, geralmente, um sabonete sólido ordinário, que era descartado após o uso (o excelentíssimo tem aversão a pentelhos grudados). Então, aproveitou para ensaboar-se com o presente de Morgana Capô. Esfregara-o repetidamente nas partes baixas, até os caracteres gravados na superfície se esvaírem. Ao fim do banho, curvou-se para sentir o odor do púbis: “Hum... Cheirinho de fruta!”

A coceira começou às duas da manhã. Ataliba Neto despertou atazanado e cutucou Helenita Júdice para que esfregasse suas bolas. “Você tem unhas!”, justificou. A excelentíssima esposa, mesmo sonolenta, pôs-se a roçar os testículos dele. O deputado sussurrava-lhe: “Mais rápido, mais rápido!...” Mas o prurido não dava trégua. Ataliba saiu correndo rumo ao chuveiro. Os jatos de água acabaram aliviando a irritação. Ele dormiu ali mesmo, com os bagos de molho.

O digníssimo acordou melhor, apesar do saco esfolado. Bebeu café, comeu bolachas e dirigiu-se ao Congresso Nacional. Às onze da manhã, subiu ao púlpito para proferir discurso contra a prostituição infantil e a pedofilia.

Quando Ataliba Neto sugeria maior vigilância sobre a internet para conter a “farra dos tarados”, uma pungente estocada no ânus o fez perder a compostura e gritar ao microfone: “Ai meu cu!”. O excelentíssimo enfiou instintivamente a mão na calça e pôs-se a friccionar a área. “Ela voltou! Alguém com unhas, urgente!”, bradou ao microfone, quase insano. Um líder conservador tentou acalmá-lo, pedindo-lhe um comportamento mais adequado em frente aos nobres colegas, às câmeras e ao povo brasileiro que o elegera. Ataliba enfureceu-se: “Diz isso porque não é o de Vossa Excelência! Agora, mostre-me as unhas!”. Os seguranças foram acionados e retiraram o emérito representante dali.

O prurido tornara-se violento. Ataliba Neto mal conseguia dar três passos sem cavoucar o traseiro. Ia tropeçando pelos corredores, cambaleante e atordoado, quando se viu amparado por dois homens trajados de preto. Eles o conduziram a um Ômega cinza, onde Morgana Capô o aguardava no banco traseiro. “Está doente e não me avisou?”, esbravejou Ataliba ao vê-la. Em seguida disparou: “Quanto quer para coçar o meu brioco?”

Miss Pipla mordeu um kiwi antes de explicar a situação. “Os sabonetes M.Capô contêm milhares de nano-partículas compostas de proteína de veneno de vespa, que é uma substância alérgena. Quando instaladas na pele, essas micro-cápsulas liberam paulatinamente a toxina, provocando a coceira. Este processo pode durar até seis meses”, resumiu Morgana. Ela puxou um sabonete azul do bolso, com caracteres em relevo: M.Capô, alívio para a dor. “Este produto dispõe de nano-moléculas neutralizadoras do veneno. É a única solução, ainda não patenteada."

Vinte minutos. Foi o tempo necessário para que a mala com cem mil reais pousasse no colo do excelentíssimo. Neste ínterim, Morgana terminara o kiwi e esfregara solidariamente o 'tuim' do parlamentar. Ataliba repassou a maleta a Miss Pipla, que em troca lhe deu o ‘sabonete-antídoto’. “Deputado, peço-lhe o favor de não contar a ninguém. Brunoro e Brenegão, meus assessores trogloditas, não gostam de fofoca”, avisou Morgana. Ele bateu a porta e foi para casa.

O representante do povo lavou a região até o sabonete sumir. Àquela hora da tarde, a primeira-dama Helenita Júdice encontrava-se na Fundação de Apoio aos Menores Desestruturados do Maciço Central, entidade que presidia às terças e quintas-feiras, exceto feriados. Ataliba Neto aproveitou o silêncio para tirar um cochilo renovador.

Na manhã seguinte, seis deputados da base aliada coçavam-se como cães sarnentos. Morgana certamente participara da orgia Emeeeenda parlamentar!, suruba tradicional das noites de quinta-feira. Assim concluíra Ataliba, antes de seu discurso sobre a profissionalização do meretrício no país.

Um comentário:

Anônimo disse...

Léo,
preciso desse sabonete, ñ q eu queira sair "dando" pros deputados aq da AL. Mas tem vários aq q eu podia oferecer os saboezinhos de presente por puro prazer em vê-los se coçando sem chances de receber antídotos, Quem sabe assim eles aprendem como é difícil sofrer precisando da ajuda de quem tem o poder pra amenizar sua dor, mas q por puro egoísmo não o faz.
Como seria bom ver isso...
bj

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