Por Leozito Coelho

4 de julho de 2007

Eu, Zé Trabuco

Eu era um ‘Zé Ninguém’ até ir pra cama com Monalisa Guimarães. Meu nome é, de fato, José, embora não seja mais o zero-à-esquerda de antigamente. Hoje, sou conhecido mundialmente por Zé Trabuco.

Engraçado é que não chegamos a foder. Ela deitara na cama e eu me posicionara ao seu lado. Monalisa descera minha calça, a cueca, e já se preparava para engolir a serpente, quando teve a oportunidade de presenciar o que, cientificamente falando, acabaria categorizado como ‘enchimento anômalo-instantâneo dos corpos cavernosos’. Meu pênis tinha essa propriedade inédita, diziam os cientistas, de enrijecer-se completamente em milésimos de segundo. A instantaneidade do movimento produzia uma brisa (suficiente para soprar a franja de Monalisa) e emitia um som seco, igual ao dos golpes de filmes de kung-fu: zupt!

Monalisa assustou-se com aquilo. Não sofrera uma ‘cabeçada’ por milímetros. Mas, ao recobrar a calma e se dar conta do que estava à sua frente, tratou-se de vestir e ligar para Murilo Xavier, um amigo urologista. “Estou diante de um fenômeno, Murilo. Não falo de um esportista, mas de um recordista. É o chaveiro que chamei para consertar a porta. Você me conhece, querido. Sou perigosa.”

Vesti a roupa contrariado, pois desejava muito possuí-la. Ela era jovem e bonita, de seios fartos, e pernas e abdome perfeitamente torneados. Resumindo, o tipo de mulher que se come uma vez na vida, se tiver sorte. Mas eu havia despertado o lado empresarial de Monalisa que, segundo ela, prevalecia sobre o sexual. Rapidamente, ela me enfiara em seu carrão e me levara ao consultório do amigo. Meu pau ainda estava duro. Precisei de duas horas para amolecê-lo, focando o pensamento em móveis, utensílios domésticos e no meu cachorro Spencer, que é macho. Depois tornei a enrijecer a jeba, para que o doutor pudesse constatar sua guinada meteórica. Monalisa me ajudou neste processo, roçando as unhas na base do meu saco.

Murilo Xavier causou furor no meio científico. No 27º Congresso Nacional de Urologia, apresentou estudo detalhado sobre a anomalia, definindo-a como produto de uma circulação sanguínea privilegiada e de um volume anormal dos corpos cavernosos. Eu fora convidado a subir ao palco, sob aplausos da platéia. Em seguida, abaixara as calças e fizera, para espanto de todos, o inchaço. Mais aplausos, e risos. Uma senhora acabou desmaiando e teve de ser socorrida. Horas depois, ela confessava à repórter: “Vi o diabo encarnado naquela coisa!”.

A entrevista da médica beata repercutira nacionalmente. Na mesma semana, um produtor da indústria pornográfica ligou para Monalisa. Queria que eu protagonizasse seu próximo filme, A lenda da banana fumegante. As negociações alongaram-se por duas semanas, até Monalisa fechar o contrato. Ela me pagaria quatro salários mínimos por mês, durante cinco anos. “E ainda vai comer mulheres que nunca imaginou! Não é o emprego dos sonhos, querido?”, ela vibrou docemente. Dei-lhe um abraço apertado. Eu estava muito feliz e agradecido, mesmo sabendo que se tratava de uma filha-da-puta trapaceira. Talvez estivesse apaixonado.

No meio pornô, apelidaram o inchaço de ‘flechada doce’ e a benga de ‘varinha mágica’. Em pouco tempo, tornei-me a estrela da indústria da sacanagem, conquistando vários prêmios em festivais internacionais, especificamente nas categorias ereção, performance e ejaculação (eu recuava três passos quando ia gozar, para não ferir o rosto das meninas com o jato). No primeiro contrato, protagonizara mais de trezentas produções, entre elas Pistola de fogo, Meu nome é Zé Trabuco e Transa supersônica. Renovara por mais cinco anos, tendo Monalisa me concedido um aumento de quatro para seis salários mínimos ao mês.

Tudo corria muito bem até o dia em que o trabuco mascou. Durante as filmagens de Ele é duro de matar 8, o set inteiro silenciou ao notar minha pica mole. Quatro atrizes tentaram reanimá-la, em vão. Os produtores deram-me comprimidos azuis, que não surtiram efeito. Havia um clima de funeral. Um ator gay, Mussolini, chorava junto às garotas Anali Jones e Samanta Rego. Era o fim da minha carreira e dos anos dourados da pornografia nacional.

Nunca mais vi Monalisa Guimarães. Mas espero que ela reapareça para larçarmos juntos minha biografia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Leozito Coelho, uma amiga me mandou o link do seu blog (mais precisamente deste texto) e achei SENSACIONAL!

Meus parabéns pelo texto, companheiro. Muito bom.

Eu e mais dois amigos temos um blog com temas e estilo muito semelhantes a esse texto.

Dê uma acessada: www.joselitando.blogspot.com

Abraços!!

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