Por Leozito Coelho
17 de maio de 2006
Fim
Chegou às oito, acessou a caixa de entrada, abriu o arquivo, sim, tinham enviado o texto!, e imprimiu-o para ler com mais atenção. Entregou o papel ao chefe, falta apenas sua revisão, senhor Magalhães. Quando voltou, horas depois, notou que o documento estava na mesma posição em que havia deixado. O senhor já leu?, perguntou já sabendo a resposta. Retornou após o almoço, quando soube da notícia pela secretária: Seu Magalhães foi a uma reunião com investidores, no centro da cidade, e ainda não voltou. Não! Não tem horário para regressar! Ele pensou em desmaiar, em gritar, em estapear aquela figura melancólica postada a sua frente. Na verdade quis esmurrá-la, mas desistiu. Apenas disse-lhe: Estarei à espera do Magalhães. Por favor, avise-o. E foi para sua sala. Sentou-se na cadeira e pousou papel e caneta sobre a mesa. Ficou imóvel até às seis. De repente Magalhães surgiu esbaforido, me esqueci de você, rapaz! O senhor, por favor, leia o documento, disse-lhe com desdém. O patrão começou a lê-lo de pé, as mãos apoiadas na mesa. Depois ajeitou-se num banco e, por fim, caiu no choro. Ele tirou do bolso a arma e deixou-a entre as pernas do chefe. Bateu a porta atrás de si, pegou o cartão de ponto e registrou 18h43. Já na rua, ouviu um estampido, seco, depois um grito de mulher. Sabia-o. Era o fim de uma era.
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