Por Leozito Coelho
16 de abril de 2006
Tac, tac
Senti um odor azedo durante o banho. Aproximei o nariz da peça pendurada na torneira, afastei-me com violência, emiti um grunhido de repulsa, não é possível! Toalha já enrolada, perguntei-lhe: Está lavando direito suas cuecas? Ele picava uma cenoura descascada, tac, tac. Virou-se, braços na cintura: Por quê? Disse-lhe exatamente: Elas estão com um cheiro estranho. Ele apertou as pálpebras, olhando-me daquela maneira, e voltou a operar o legume. Balançava a cabeça para os lados, tac, tac. Continuei de pé, esperando que seu orgulho falasse. Não demorou muito: Você está podendo mesmo criticar... Tac, tac. Não foi eu quem jogou uma cueca fora outro dia, foi? Tac! Largou a faca e foi ao banheiro. Ouvi-o gritar: Misericórdia! Voltou apertando o nariz, levantou a tampa, jogou a peça no lixo e retomou sua atividade. Tac, tac, tac. Quer saber?, ele disse. Hum, murmurei. Tac, tac. Se a gente menstruasse, bobo, ia ser bem pior. Tac, tac. Então, agradece.
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Um comentário:
Leo, achei genial o conto abaixo, achei na web, veja aí. abc. Redel
Conheci alguém assim
Ela era uma mulher muito feia, com péssimo gosto, falava alto, ria
escandalosamente, comportava-se de forma vulgar, inconveniente e
desagradável, mas a natureza, em sua máxima sabedoria, pôs em tal mulher uma
inteligência tão absolutamente insignificante que ela nunca soube de nada
disso e foi bem mais feliz que todos nós.
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