O pão de Tereza

Tereza madrugou,
catou dinheiro na carteira,
saiu mansa em busca do pão,
até a padaria eram seis quarteirões,
chegou suada e pediu três pães,
insistiu que queria pão bom,
a moça disse pão é tudo bom,
Tereza respondeu então tá bom,
subiu levando saco cheio de pão,
em casa pôs na mesa o pão,
e a manteiga, o café e o leite,
o marido de Tereza deu bom dia,
perguntou se já tinha pão,
era idiota o Antônio, ela pensou,
sabe que sempre tem pão,
bom dia marido bundão, ela pensou,
mas disse tem pão, bom dia Tonhão,
ele sentou na mesa, esfregou as mãos,
Tereza, amor, prepara meu pão,
ela veio com faca e cortou o pão,
breou de manteiga o miolo do pão,
quer quente ou frio, Tonhão?,
o marido de Tereza pediu morno,
ela esquentou a frigideira
e deitou-lhe o pão até ficar bom,
entregou a Tonhão, toma, come o pão,
em um minuto não existia mais pão,
que bom esse pão, disse o glutão,
e levantou-se para ir embora,
mas já vai agora?, Tereza perguntou,
ainda nem comi pão, ela reclamou,
me faz companhia no pão,
mas Tonhão disse não, ia perder o lotação,
abriu a porta e lhe deu um abraço,
desculpa, querida, é o meu trabalho,
sem ele, você sabe, não ia ter pão,
e Tereza, ofendida, pensou
nem eu, tanta amolação.