Por Leozito Coelho

29 de setembro de 2008

TIMINHO

A rolha do Aurora, cabernet sauvignon, deslizou suave pelo tubo da garrafa, emitindo um som redondo, "póh!", ao ser totalmente retirada. Servi as taças. Ela observou o líquido através do cristal, bebeu.

"Vinho barato. Não é assim que se ganha uma garota." Viviane, sincera. Um certo charme.
"Se ela estiver morta, tanto faz." Eu, sincero.

Viviane ainda tentou fugir. Desabou no corredor e ali mesmo sofreu as primeiras convulsões. Assisti a tudo da cadeira, bebericando a taça. A moça foi ficando roxa e retesada, encurvando-se numa letra cê. Quando grunhiu o último chiado, resolvi ligar a televisão pra saber o resultado do jogo. Perdíamos: quatro a zero. Desliguei.

Passei a noite inteira curtindo a garota. Nem lembrei mais do time, este sim, muito barato. Não é assim que se ganha um campeonato. Sejamos sinceros. Eu sempre fui.

3 comentários:

Anônimo disse...

E você ainda perde seu tempo ligando a TV pra saber quanto tá o jogo do Galo??? Eu sincero...

Keila Costa disse...

Adorei "encurvando-se numa letra cê" e também "emitindo um som redondo 'póh'"; primor de escrita querido!
Beijo

Unknown disse...

Estava sem tempo de ler seus textos e os da Keila tb!
Coloquei em dia hje...e olha só...uma viviane no conto! Será q eu conheço o timinho?! rs
Bjão

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