Adélia é loira e tem pernas de louva-deus. Meti-lhe sem refresco. Ela gostou, tanto que uivou o tempo todo. Adélia é diferente: ela uiva. Amá-lá é como foder um lobo. Eu nunca fodi um lobo de verdade. Adélia é quase isso.
Dona Margô veio cheia de cisma. Perguntou se eu tinha comprado um cão. Respondi que não, que era a Adélia, a mulher que gosta de uivar enquanto namora. A velha ficou mais enrugada, quase sucumbiu. E saiu fazendo a cruz, xingando tarado. Foi-se.
A loba voltou doida. Tirou a calça e arreganhou: põe firme, disse ela. Eu pus tudo sem pausa. Adélia urrou tão agudo que dormi com zunido na cachola. Dia seguinte, Margô à porta: "Cachorro não é permitido, ou dá ou muda."
Hoje, moro com Adélia numa casa com quintal. À noite é foda. Basta pôr que ela uiva. A cachorrada do bairro responde, a maior sinfonia. Vizinho logo aproxima, aquele papo mole. Pergunta do cão, se ele dorme ou não. E eu respondo que não é cão e sim um lobo, e lobo uiva a noite inteira, ainda mais quando é noite de lua cheia.
Por Leozito Coelho
22 de janeiro de 2008
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Um comentário:
To sentindo falta dos seus textos!!!
bjus
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