Por Leozito Coelho
15 de janeiro de 2008
A PERA
Sou muito sincero: sei fazer embaixadinhas e nada mais. O 'queridão' lá de cima não me investiu de outros atributos e já larguei mão de entender o porquê. Então vivo de controlar a bola com os pés, e também o tomate-cereja, o limão, a laranja, a maçã e outras frutas esféricas. Minha esposa Marinéia também é redonda. Se ela fosse um duende, teria o tamanho e o fomato exatos de uma pera. E eu não poderia fazer embaixadinhas com ela, pois a pera é um fruto disforme, não-concêntrico, o que interpõe dificuldades ao meu trabalho. A Marinéia é a rechonchuda imperfeita. Meio ovalada. Mas não tem problema. O importante é que ela continue a cuidar da minha carreira. Que agende participações remuneradas nos intervalos das partidas de futebol, nos espetáculos circenses e nos programas de auditório regionais e, quem sabe, nacionais. Dessa forma garanto o dinheiro e a comida na mesa. Aquela comidaria toda que ela devora em minutos. Não é fácil sustentar essa balofa. Se ela fosse concêntrica, eu a jogava para o ar e chutava. É o que sei fazer. E nada mais.
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