Por Leozito Coelho
25 de setembro de 2006
O homem na praça
Dizem ter sentado ali na segunda-feira. Ele mantinha a mesma posição: joelhos colados, mãos sobre as coxas e queixo no peito. Seu corpo imóvel chamava atenção. Muitos o observavam à distância. Alguns discutiam se dormia ou se morria. Uma senhora achou-o triste, sem explicar a razão. Um maratonista viu a pomba defecar em sua cabeça. Mas o homem não se movimentou, permanecendo sujo. No fim de semana, moleques da praça arremessaram balões de água no peito e no rosto do velho. Alguns gritaram ao passar em frente ao banco, na tentativa de assustá-lo e tirá-lo da posição. Mas nada o fazia movimentar. Um executivo quis resolver a situação. Ligou para o pronto-socorro e pediu uma ambulância. Havia um defunto na praça, assustava a todos, que viesse depressa... O veículo ainda não havia chegado, quando uma garotinha aproximou-se do banco. Ela percebeu uma poça entre os pés daquele senhor. A lâmina d´água refletia a imagem de um homem aos prantos. A menina espantou-se, gritou ó!, tentou escalar o banco para consolá-lo, mas foi puxada pelo pai. Enfim, a ambulância apareceu. Os paramédicos tomaram o pulso, tentaram reanimar-lhe o coração. Mas era tarde. O homem estava morto, como todos ali.
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