Por Leozito Coelho

8 de setembro de 2005

Linha da cintura

Apertei o cinto, terceiro furo, a barriga ainda ia, folgada, e mais dois furos, respiração curta, pança contida abaixo que transborda acima, força nos braços e mais dois furos, até a pele estica, compressão mas também expansão, toda ação é reação, e mais um furo, formigamento nas panturrilhas, suor em parcelas, e então o último, esmagando triturando entranhas, dique, barreira, stop gordura, e de repente o deslizamento entre hemisférios, pés que não respondiam, tendões que se rompiam, movimentos laterais, como icebergs de nervos músculos carnes navegando na linha da cintura, e a parte superior escorrega e cai no chão, e os olhos agora vêem diferentemente, vêem a outra metade ali em pé, o cinto firme no cume, como um continente conquistado.

2 comentários:

Anônimo disse...

Seu blog tem conteúdo. Gosto muito de textos curtos. Caso tenha tempo, visite o meu blog sem compromisso.

Anônimo disse...

Nao consigo me decidir se este seria mais indicado pro jornalzinho do "Vigilantes do Peso" ou do "Spa". Mas meu conselho é: Para sair dessas paranoias, nunca use cinto.

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