Por Leozito Coelho
2 de agosto de 2005
(...)
Tivemos contato por dez meses, precisamente aos domingos. Você ficava ali sentado na cabeceira da mesa, olhando seus frutos zanzarem para cima e para baixo, alguns pulando, outros conversando, a maioria rindo, era o traço dos seus. Você me contava do goleiro do Pacaembú, aquele "frangueiro", me lembro dessa expressão, e que ele não soubera conter o chute fraco do adversário, levando seu time à derrota. Você também entrava no quarto perguntando se o Galo já estava "apanhando" e, como sempre, estava. Não sei se você sabe, mas sua neta me contou coisas. Que você escondia chocolate de invasores sedentos, que você gostava das roupas mais antigas, já perfeitamente entrosadas com o seu corpo e a sua mente. Esse negócio de meias novas era assunto para o fundo da gaveta, ora! Mas eu via em você, antes de tudo, a doçura e o carinho dos avôs que eu nunca tive, não sei você sabe. O "avô" era para mim uma figura literária. E de repente eu descobria ali, no coração de Belo Horizonte, a imagem a semelhança a leveza de um vovô dentro de sua casa, adulando netos, fazendo rir os filhos, acompanhando a vovó na vida que prosseguia. E se hoje a gente torce o pano aqui embaixo (você sabe bem o porquê) é justamente por causa desses passados perfeitos que palavra não sabe explicar ou dizer. Seus gols. Sua vitória. A maior de todas, se me permite, uma única vez, vovô...
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