Por Leozito Coelho

23 de março de 2005

Os filmes, essas farsas

Mergulhei na banheira e prendi o ar o quanto pude. Mas ingênuo esperar do corpo a energia necessária de sua própria destruição. Liguei o secador no plugue. O fio era curto, não chegava até a banheira. Os filmes, essas farsas, disse enquanto pensava em outra solução. Fui ao supermercado, comprei vinte garrafas de álcool, enchi a banheira. Mas a caixa tinha um fósforo. Usado. Melhor dormir, o supermercado já tinha mesmo fechado. Sonhei com ela. Acordei e percebi que o líquido escorrera pelas frestas da tampa, ou evaporara, não sei ao certo. Liguei o gás. Enfiei a cabeça no forno. Dormi mais um pouco ali. Mas nada cheirava. Os filmes, essas farsas. Telefonei para o proprietário, esse apê que você me alugou é uma piada! Peguei a faca. Não, demorado. A rua lá embaixo. Três andares somente... Podia me tornar uma samambaia. Então rasguei a carta. Ela atendeu e eu aceitei o perdão. Os filmes, essas farsas.

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