Por Leozito Coelho

25 de março de 2005

A exposição

No metrô, a menina pinçava os pêlos da boceta. Ela tinha um aro no nariz. Cabelos azuis, batom rosado. Notei bem, ela raspara as sobrancelhas. Um rapaz ao meu lado sorria para a garota que, acomodada no banco em frente, continuava sua tarefa. Destacando pentelhos e os guardando numa caixinha de fósforo. Ela então abriu a mochila e tirou um tubo. O sujeito levantou-se, sacou a máquina fotográfica. Ela traçava arcos de cola no lugar das sobrancelhas inexistentes. Ele disparava flashes, gritava Bravo!, Bravo!, enquanto ela alinhava os pêlos na substância. Mulher moderna, pensei, depois de receber dela o panfleto da exposição. "Espaços púbicos". O fotógrafo bateu no meu ombro, aparece lá, meu velho, e desceu do vagão com ela. Em casa, contei tudo para minha esposa. Ela reagiu agressiva, aposto que adorou ver essa vagabunda pelada na sua frente, né seu sem vergonha! Olhei as sobrancelhas dela, finíssimas e bordadas à mão leve, pintadas de preto, incólumes, e de repente me senti confortável para ir à exposição.

Um comentário:

Anônimo disse...

Neste espaço de merda, desfilaram vários cretinos contando estórias mais cretinas ainda. Isto é um retrato do Brasil. Povo de baixa auto-estima e dirigo por quem? O campeão da baixa auto-estima. Só poderia resultar nisto!

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