Por Leozito Coelho

4 de dezembro de 2004

Ratos

Basta o silêncio ou menos do que isso. As passadas espaçadas vão indicando o cair pesado da noite e o final das movimentações cotidianas da cidade. E eles surgem arriscando corridas ligeiras, fundamentalmente estratégicas, para colher informações da presença humana àquela hora. Os primeiros agentes retornam trazendo o contexto apreendido do lado de fora, do frio, do escuro, da sujeira, do vazio urbano. E então eles vão saindo profusamente, limpando restos, invadindo gretas, revirando latas, emporcalhando calçadas e espalhando pânico nas meninas que, cheirosas, agasalhadas e bem alimentadas, saem em busca de gatos ou menos do que isso.

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