Por Leozito Coelho

22 de dezembro de 2004

Alento

Tenho momentos rompantes de lucidez, como agora mesmo, embalado pelas canções do Jobim. Tudo se revela, como se antes escondido. E eu tenho a palpitação dos adolescentes depois do primeiro beijo, e a alegria de um reencontro, e a satisfação da mãe que observa o filho seguir para o primeiro dia de aula na escola, e tudo isso junto, de uma vez, em um jorro revelador de vida. Um sopro. Uma benção. Uma ajuda sobrenatural. Sei agora como reger o acaso a meu favor, gestando o destino que me aguarda. Então pego o telefone e ligo para ela e aguardo os primeiros toques e ninguém responde e tento outra vez e o disco termina e ninguém responde e vou murchando e secando e deixando tudo descer para o fundo do lago turvo novamente.

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