Fatal error

Tá maniado. Todo dia mastiga um disquete. Passo a mão na cabecinha dele, o que está acontecendo, filho? Ele abre a boca, tenta falar, e cospe um ícone. Ontem à tardinha, por exemplo. Quando espirrou, o dábliu do Word pulou da garganta dele e se espatifou lá na parede da cozinha. Semana passada quase corri com ele pro hospital, engasgado com o símbolo da Internet. De noite o menino ronca bipe eletrônico de computador e, no banho, canta música de descanso de tela. Hoje fiquei ainda mais preocupada. Comeu o primeiro CD. Não lhe fez bem. Ele cagou mole e me chamou pra ver o resultado. Encontrei um monte de planilhas do Excel no fundo do vaso. Links boiavam na água. Aquelas carinhas amarelas redondinhas, que vira e mexe mudam de humor?, pois então, pulavam desesperadas com medo de afogar. Um punhado de letrinhas verdes estavam grudadas nas paredes. Tive a reação de qualquer mãe. Apertei a descarga, dei-lhe um tapa na nuca, você fica comendo essas porcarias!, e mandei pro castigo. Ele olhou pra mim, respondeu bip! e caiu duro no chão. Tentei ligá-lo várias vezes, mas nada. Então tô aqui, sentada, esperando o técnico da Intel chegar.