Por Leozito Coelho
7 de julho de 2005
Extraodinariamente sobre Londres
Este blog literário faz uma pausa para veicular um post "cronicado". Ontem, 6 de julho, eu e Luana voltamos de Londres pelo trem que liga o centro da cidade à Paris, chamado Eurostar. Durante três dias visitamos diversos pontos da cidade, devidamente guiados pela nossa amiga Maira, circulando nos vagões dos metrôs e nos andares superiores desses intrigantes ônibus vermelhos londrinos. Parecem prédios ambulantes... Da Liverpool Station liguei para o meu pai, Vica, que fazia aniversário de 71 anos no dia 5 de julho. Pelas ruas vimos de tudo: indianos, (muitos) brasileiros, franceses, árabes, alemães, punks, bêbados, velhos, crianças, negros, loiros, enfim gente de tudo quanto é tipo, cor e nacionalidade. Sociedade multicultural, jorrando pelas ruas. E no dia seguinte, já em Paris, ainda 'aéreo' pelas boas lembranças da cidade da Rainha, me deparo com essa obscenidade terrorista... essa 'mania' covarde e vergonhosa de tirar a vida de quem quer ganhar a vida. Escolhendo horários de pico para matar mais gente, gente que vai trabalhar de metrô ou de ônibus, gente que não possui carros blindados ou jatinhos particulares para se deslocar. Gente como a gente, ou como eu pelo menos. Uma atitude de Holocausto, de menoprezo pela vida, da mesma forma como fazem ingleses, americanos, israelenses e outros da 'super-liga' aos iraquianos, afegãos, palestinos e por aí vai. Chumbo trocado que aos poucos vai pilhando gente morta, aos montes, engrandecendo estatísticas e celebrando a carnificina dos nossos tempos. Honestamente, sem o maior cinismo ou hipocrisia, tenho vergonha dessa falta de caridade em relação ao outro, dessa banalização da vida por ideologias que, até provarem o contrário, não têm levado a civilização a lugar nenhum: a gente continua se matando por nada. E se há um aspecto a ressaltar em toda essa história, seria justamente o da barbárie humana: os anos passam, as armas evoluem, novas correntes ideológicas surgem, moedas são criadas e outras somem, personalidades vêm e vão, crises pipocam, nações crescem, mas o traço da miséria humana está sempre lá, acompanhando todo esse escoamento inevitável dos minutos, dos corpos, das relações, das famílias. Tudo se vai, se acaba, termina, morre e, até hoje, não aprendemos a simplesmente gozar este tempo precioso. Estamos sempre a elaborar novas formas de matança, de extermínio, de guerra, de morte. Se a burrice existe, está aí. Involução. Como diz meu amigo Fred, é lamentável.
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Um comentário:
Ë mesmo lamentável. Testemunhamos diariamente aqui no Brasil, aí na Europa ou em qualquer outro lugar do mundo que imperialismo, colonização, cruzadas, guerras santas e batalhas campais não são apenas registros de livros de história. Estão aí, por toda parte. Essa turma fala em países civilizados, em modernidade, em pós-modernidade e o diabo a quatro, mas o fato é que paramos no tempo da Idade Média. E sendo assim, me parece mais prudente ficar do lado das bruxas!
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