O tio

Encontrei o tio dentro da geladeira. Brincava com o tubo de ketchup, esguichando nas paredes internas. Levei ele para o banheiro, abri a ducha. Tio, fica quieto. Dançava sem parar o endiabrado. Me solta!, gritou. E saiu pulando casa afora, cantando "tai-tim-toum!, tai-tim-toum!, tai-tim-toum!". Depois escondeu-se junto às panelas. Tio, você tá com a bunda em cima da frigideira de fazer misto quente! "Tai-tim-toum! Tai-tim-toum!". Começou então a rastejar. "La-gar-ti-xa! La-gar-ti-xa!". Esperei ele se esconder. Abri a porta do armário. Ele dormia pendurado no cabide. Estava imundo, o tio. Liguei logo a máquina de lavar e o ajeitei cuidadosamente lá dentro. Da janelinha redonda, vi que girava veloz. Ouvia também suas gargalhadas abafadas. Então acendi o forno. Assim ele seca mais rápido. O Tio.